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She-Hulk – Crítica dos episódios 4 e 5 – O que está acontecendo com a Marvel?

O universo cinematográfico foi dominado na última década pelos filmes da Marvel que com muita competência conseguiu criar um vasto universo compartilhado adaptando grandes arcos dos quadrinhos, contratando diretores e roteiristas criativos como Jon Favreau (Homem de Ferro 1 e 2), James Gunn (Guardiões da Galáxia 1 e 2), além dos irmãos Russo (Capitão América 2 e 3, Vingadores Guerra Infinita e Ultimato) e restaurando a carreira de atores carismáticos mas que já haviam sido esquecidos pelo grande público como Robert Downey Jr e Mickey Rourke, para citar alguns exemplos.
Grande parte do sucesso da Marvel nos cinemas deve-se ao gênio criativo de Kevin Feige, o verdadeiro responsável pela organização desse complexo e ambicioso projeto de longo prazo que tornou-se o MCU, e pela implementação da chamada fórmula Marvel, uma maneira particular de contar histórias de heróis com muita ação, ótimos efeitos visuais, uma boa dose de comédia, além da criação do mecanismo de cenas pós-créditos como forma de conectar as diversas histórias dentro de um universo maior.

Imagem: Divulgação

Com essa lucrativa “fórmula de bolo” em mãos, com contornos muito bem definidos em fases específicas, a Casa das Ideias, a partir da fase 4, resolveu sair de sua zona de conforto cinematográfica e direcionar esforços para um grande investimento em séries que seriam disponibilizadas pelo serviço de streaming Disney +. A ideia de contar histórias com maior tempo de tela parecia muito boa como forma de consolidar o universo já estabelecido nos cinemas, além de permitir o aprofundamento das histórias de personagens queridos pelo público, mas que não tiveram um filme próprio como Loki, Gavião Arqueiro e companhia.
A série Wanda Vision foi a escolhida para iniciar a fase 4 com uma ótima história que abordava os conflitos internos de Wanda Maximoff ao ter que lidar com o luto decorrente da perda de entes queridos, e logo em seguida Loki, a duras penas, e “What if…” ainda conseguiram manter o padrão Marvel de qualidade que nos acostumamos a ver nos cinemas, mas depois a coisa desandou. E muito.

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Séries com grande potencial como Falcão e o Soldado invernal, Gavião Arqueiro e Cavaleiro da Lua foram um grande desperdício de tempo devido a um roteiro tão fraco e pouco inspirado, que nem mesmo as ótimas atuações de Oscar Isaac, Jeremy Renner e Anthony Mackie foram capazes de salvar.
A série She-Hulk é a aposta atual do MCU e acompanha a rotina nos tribunais de uma das heroínas mais poderosas da Marvel utilizando seus dons para marcar encontros por aplicativos de namoro, usando sua força extrema para carregar homens no colo e sua agilidade para fazer dancinhas de Tik Tok.

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No quarto episódio da temporada Jenn Walters é contratada por Wong para defender judicialmente seus interesses, quando um ex-aluno das artes místicas resolve usar seus poderes em benefício próprio, sem levar em consideração eventuais consequências perigosas de seus atos. A ação burocrática do episódio se resume à heroína lutando, sem muita dificuldade, com demônios alados que haviam fugido de outra dimensão e ponto final.
O episódio seguinte pega o gancho deixado ao final do episódio anterior e prepara um embate direto entre She-Hulk e Titânia nos tribunais, mas o que poderia ser um dos pontos altos da série, uma verdadeira disputa de poderes entre heroína e vilã acaba resumindo-se a uma batalha judicial pelo nome She-Hulk, utilizado por Titânia para dar nome a sua nova linha de cosméticos para o combate de flacidez nos glúteos. O que aconteceu com a Marvel? O Kevin Feige realmente está assistindo essas séries?

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Ao final de um 5º episódio sofrível, sem qualquer cena memorável ou gancho que conecte o público à trama apresentada, temos um grande easter egg de Demolidor, daquela que promete ser uma das melhores séries do MCU, considerando-se o parâmetro estabelecido por essa mesma série quando exibida pela Netflix.
Contudo a grande verdade nisso tudo é que quando assistimos a trinta minutos de uma série da Marvel e a única cena memorável é a aparição de uma máscara, sem qualquer relação com a história contada até ali, é difícil manter o otimismo em relação ao futuro da Marvel. Seria a nova série do Demolidor, o Homem sem Medo, um retorno da Marvel às origens? Sinceramente, pelo visto até aqui, tenho medo da resposta.

william

Direito por formação, Nerd e Otaku por inspiração, Cinéflo por concepção, Redator nas horas de solidão, Pai e marido por paixão e Cristão por convicção.