“The Bad Batch” mostra que nas animações, Star Wars segue afiado
Em seu desfecho, “Star Wars: The Bad Batch” consegue ser fiel aos seus personagens e propostas, fechando seus arcos de uma maneira formidável.
É realmente triste que as animações do Disney+ não tenham o mesmo destaque que suas produções live action. É fato que os fãs de Star Wars não superaram o fiasco do episódio IX. Também é óbvio que o impacto de séries tão assistidas e tão mal sucedidas como “Obi-Wan” e “Boba Fett” atinja outras obras da casa. A confiança parece ter ido embora, mesmo que obras posteriores como “Andor” e “Ashoka” sejam muito superiores.
Porém, é preciso dizer, já faz um bom tempo que o ouro da casa está guardado nas produções animadas de Star Wars. “The Bad Batch”, que funciona como sequência e spin-off de “Star Wars: The Clone Wars” chegou ao seu fim essa semana na Disney+ esta semana com um episódio mais longo, de cerca de 50 minutos. E este último episódio se mostrou uma culminação intensa, bela e profunda de uma incrível narrativa construída ao longo de de três anos.
A Força Clone 99
A série segue os clones de elite e experimentais dos Malfeitos (introduzidos pela primeira vez em “The Clone Wars”) enquanto eles encontram seu caminho em uma galáxia que muda rapidamente logo após as Guerras Clônicas. Na primeira temporada, o tema foi lealdade enquanto os protagonistas lidavam com a ordem de extermínio dos jedis e tentam proteger a jovem Ômega, uma clone que o Império quer de todas as formas.
Já na segunda temporada, o dilema dos clones aumenta, com a rápida substituição destes por Stormtroopers, fazendo uma boa reflexão sobre o caráter descartável de soldados me uma guerra. Por outro lado, a medida que as aventuras avançam, vemos os laços entre os clones se formando como solidariedade e uma ligação familiar.
Por fim, nesta terceira e última temporada, temos ligações com a trilogia sequel e o atual arco do universo mandalorian. Sendo este futuro da série no curto prazo, é ótimo ver que não se perderam nos conceitos. No fim, tudo se resume aos clones e suas histórias, até aqui ofuscadas pelas aventuras jedi.
Mesmo que a série apresente muitos rostos conhecidos, faça conexões e apónte mistérios da lore, aviso que o coração aqui não é esmiuçar o universo Star Wars. O coração aqui está nos personagens e em uma história bem contada, mesmo que com pontas soltas. Há certas vezes em que a viagem é tão boa que não queremos, e nem precisamos, saber de tudo que existe por onde passsamos. Fica só o fáscino, e isso basta.
Sabendo disso, Dave Filoni cria uma série com cenas de ação de roer as unhas a carrega até um epílogo emocionante, de modo que o final da série pode muito bem ser um dos finais mais brilhantes de Star Wars até agora.
Um final feliz, mas com um grande custo
Crianças que cresceram vendo “The Clone Wars” tem idade para terem filhos. Quem cresceu vendo a trilogia original nos cinemas certamente já tem netos. “Star Wars” sempre será um produto voltado à família, com seus tropos infantis reciclados e capazes de levar multidões aos cinemas.
Mas alguns dos cantos das Galáxias tão tão distantes(já são mais de uma a essa altura) oferecem oportunidades de escrita mais maduras. Quando um personagem importante morre aqui, ele morre. Não temos um fantasma da força ou uma forma mística de falarmos com ele, apenas as lembranças. E isso faz com que nos importemos com os demais personagens, qual deles pode morrer após um tiro de blaster? E essas crianças que eles querem salvar? Elas vão escapar?
Ainda são as mesmas aventuras alegres que crescemos assistindo, apenas um pouco mais sofisticadas. Uma pena que isso aconteça em uma mídia tão relegada a ser tratada como coisa de criança e que não atraia o grande público como merece. É o preço que se paga pela liberdade criativa, um sucesso que não entrará na história. No fim, os recursos vão para mais uma grande estação especial destruidora de planetas.