X-Men’97 – O triunfo de se fazer o básico bem-feito.
O racismo e o preconceito de cor, raça e gênero são mazelas incrustadas em nossa sociedade desde a sua fundação e costumam ser a causa de intolerância, da falta de empatia e da perseguição àqueles que são considerados inferiores pelo simples fato de terem nascido diferentes da maioria. O enfrentamento a esse verdadeiro câncer social sempre encontrou guarida na sétima arte com os mais variados filmes, séries e produções cinematográficas que buscavam retratar o eterno combate do bem contra o mal.
Na década de 1960 a Marvel Comics resolveu incorporar a eterna luta das minorias às histórias de super-heróis e nesse contexto surgiram os X-Men, um grupo de mutantes dotados de super-poderes que são perseguidos pela sociedade por serem considerados perigosos, ainda que a grande maioria dessa população seja composta por pobres coitados que se esforçam para esconder seus dons e viverem suas vidas em paz.

O ápice do grupo de heróis da Marvel se deu na década de 1990 com o surgimento da animação X-Men: The Animated Séries, que despertou a curiosidade do grande público pelos quadrinhos, que inspiraram filmes, jogos de vídeo-game e transformaram os mutantes com roupas coloridas da Marvel num verdadeiro fenômeno.
Após 5 temporadas a série animada dos X-Men chegou ao fim, mas tinha servido ao propósito de introduzir a grande era dos filmes de heróis nos cinemas, que perdurou até a chegada de Vingadores: Ultimato aos cinemas com a conclusão épica da saga de Thanos nas telonas. Com a saturação e o declínio da qualidade dos filmes de heróis, a série animada dos X-Men retorna de onde havia parado na década de 90 e mostra-se tão relevante e significativa, tanto como produto de entretenimento quanto como obra crítica ao racismo.

O ressurgimento da animação mostrou-se um dos maiores acertos da Marvel nos últimos anos, principalmente porque mantiveram na produção tudo aquilo que havia conquistado os fãs na década de 1990: Uniformes originais, ótimas cenas de ação, tretas homéricas entre os integrantes do grupo, além do forte teor de suas críticas sociais.
O tema de abertura já traz toda uma atmosfera de nostalgia para aqueles que acompanharam a produção original e servem como um belo cartão de visitas para apresentar os mutantes da Marvel a uma nova geração de fãs.

Ainda é muito cedo para se dizer que o retorno dos X-Men marcou a retomada da era das produções de heróis, que nos últimos anos vem seguindo aos trancos e barrancos com filmes e séries sem uma gota de criatividade e de qualidade tão duvidosa. Mas o retorno dos mutantes em grande estilo é muito bem-vinda e serve para que a Marvel, que encontra-se em processo de introdução dos X-Mex ao seu vasto universo cinematográfico, entenda o tipo de história que realmente conquista os fãs, mas principalmente que em time que está ganhando não se mexe nunca!