Crítica — Ms. Marvel (2022)
Em primeiro lugar, “Ms. Marvel” confirma uma tendência marcante na parceria da casa das ideias com a Disney: Eles estão olhando para o futuro. E arrisco dizer que estão certos.
Pode ser que essa sensação seja apenas uma ressaca de “Thor: Amor e Trovão“, o grande lançamento do estúdio dessa semana (Veja a crítica). Ou então um resultado de um esforço que se mostra cada vez mais nítido. As histórias que a Marvel vem contando não possuem o papel que normalmente se dá para uma história.
Assim como nos quadrinhos, parece que busca-se uma forma de conectar-se a um novo e vindouro público, ainda que tenhamos choques no presente.
Ágil e forte
A série de “Ms. Marvel” é um típico produto de seu tempo. Com uma narrativa hiperacelerada e metalinguística, salta entre núcleos e tons assim como a personagem título salta entre os prédios de Jersey. Despretensiosa e, paradoxalmente, capaz de apresentar um texto rico e um roteiro profundamente bem feito, entrega uma aventura juvenil envolvente especialmente aos mais jovens.
Assim como os quadrinhos que originaram a personagem, temos algo aqui do mesmo espírito que décadas atrás nos trouxeram personagens como o Homem-Aranha e os X-Man.
Longe da perfeição, possui uma enorme barriga no meio da história e – ao menos por hora – a questãos dos poderes da menina parece confusa e gratuita. Apesar disso, o início e o fim são tão bons que é dificil não sair da experiência com alguma satisfação.
Na linguagem, inclusive, o primeiro e o último episódio se repetem lindamente em uma estrutura que funciona bem desde os mais antigos épicos da humanidade. Some isso ao carisma da protagonista Iman Vellani e é preciso ter um coração de pedra para não se cativar.
Protejam essa pequena maravilha
Mesmo assim, verdade seja dita. Aos que não se empolgarem, como este crítico, com o texto bem feito e o espírito do quadrinhos presente aqui, “Ms. Marvel” vai soar inocente e boba. E não há nada de errado com isso. Vejam bem, eu também iria me sentir bem bobo me tornando um fã tardio do Batman ou do Homem de Ferro. O carinho pelos quadrinhos juvenis – e muitas de suas adaptações – tem momento certo para acontecer.
Por isso, o encantamento pela mais recente série da Marvel não é pelos seus méritos enquanto uma série, mas sim como promessa a uma geração que manterá essa cultura viva. E que bom é perceber que essa cultura está cada vez mais aberta a todas as pessoas. Pode-se dizer que o que ocorre em dado momento do último episódio é perfeitamente o que se deve fazer, protejam o poder dessas crianças.
Ms. Marvel (2021)
EUA
Dirigido por: Meera Menon, Sharmeen Obaid-Chinoy, Adil El Arbi, Bilall Fallah:
Classificação: 14 anos
Elenco: Iman Vellani, Alysia Reiner, Matt Lintz, Yasmeen Fletcher, Anjali Bhimani, Rish Shah
